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Encontrar harmonia no imperfeito

Atualizado: 2 de mar.

Durante muitos anos, as pessoas perguntavam-me: "Como é que consegues ter tempo para tudo?"

Na altura, era professora de Educação Física e o meu dia era uma dança constante entre diferentes funções. Dava aulas na escola, ao final do dia estava na piscina a ensinar natação e hidroginástica, e, ao fim de semana, organizava workshops de dança e outros projetos.


Estava sempre a trabalhar, ou a trabalhar, ou a dormir. Naquela fase da vida, o trabalho era o meu foco principal, pelo simples prazer do movimento, da sensação de ser útil, de estar ativa. O trabalho fazia-me sentir viva.


Mais tarde, as prioridades mudaram. Decidi focar-me na criação de uma família, e o trabalho passou para segundo plano. Foi assim que surgiu o trabalho online — uma solução perfeita para ser mãe a tempo inteiro e viajar o mundo.


Com o tempo, já com dois filhos, aquela velha vontade de "movimento" começou a despertar outra vez. Tinha a Tradi, mas isso não era suficiente. Abri um estúdio de Pilates e Yoga e, ao mesmo tempo, lancei um espaço de artesanato e eventos aos fins de semana. Foi nesta fase que mais ouvi a famosa pergunta: "Como é que consegues fazer tudo?"


A resposta? Poderia dizer que era uma questão de organização e energia, em parte era verdade. Mas a realidade é que não existe equilíbrio perfeito. Sempre que damos mais atenção a uma área da vida, outra acaba por ficar em segundo plano. Claro que se tivermos ao nosso lado alguém que nos apoia ajuda muito, mas eu não tinha esse apoio. Fiz tudo sozinha.


Depois de dois anos intensos, vendi o estúdio (já com uma equipa de cinco pessoas) e coloquei o espaço de eventos em "stand by". Voltei a focar-me apenas na Tradi e nos meus filhos. Trabalhava online, estava presente, mas… não estava feliz.


Houve momentos desafiantes. A minha energia começou a desaparecer, fechei-me ao mundo e acabei por enfrentar um burnout e dele saltei para uma doença autoimune, praticamente um ano depois. Foi um ponto de viragem. De repente, o foco já não podia ser o trabalho ou sequer os filhos. O foco tinha de ser as minhas emoções.


Os últimos três anos foram de transformação profunda. Aprendi a construir maturidade emocional, algo que, curiosamente, foi moldado não pelo apoio das pessoas ao meu redor, mas pela falta dele. Hoje, agradeço essa falta — foi o que me fez crescer.


Curiosamente, o meu mapa numerológico e astrológico já apontava para este período como uma fase de transformação total e brutal. E assim foi.


O que aprendi? Não, eu não consigo fazer tudo. Sempre que colocamos mais energia numa área da vida, outra perde espaço. E está tudo bem. A verdadeira chave está em saber definir prioridades e nunca deixar nenhuma cair por completo.

A vida não é sobre equilíbrio perfeito, mas sobre encontrar harmonia no imperfeito.

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© 2025 por Marília Teixeira lopes. 

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