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Acreditei antes de existir nome para o que eu fazia


Marília Teixeira Lopes - Acreditar

Em 2010, quando partilhei com algumas pessoas que queria trabalhar pela internet e viajar o mundo, o silêncio foi o melhor dos cenários. Na maioria das vezes, vinham risos, olhares confusos, ou aquele ar de “coitada, está a sonhar alto demais”. E talvez estivesse mesmo — mas sonhar alto sempre foi a minha forma de viver.



Naquela altura, não existia sequer o termo nómada digital. Ninguém falava de empreendedorismo digital. Mas eu via um futuro onde seria possível trabalhar sem um espaço físico, usando apenas a internet, e com isso ganhar liberdade — geográfica, criativa e humana.



O mais curioso? Eu era professora de Educação Física. Mal sabia mexer num computador. Mas sabia sonhar. E, acima de tudo, sabia acreditar. Quando percebi que era melhor não falar mais sobre os meus planos, calei-me para o mundo... mas continuei a agir. Sem palco, sem likes, sem validação.


Comecei com projetos que falharam. Com ideias que ninguém entendia. Com uma vontade enorme de criar algo que ainda não existia. Até que criei um blog — o Traditionally Different — onde ligava dois mundos que amava: moda e decoração. Um dia, escrevi um artigo sobre o estilo pessoal de uma decoradora e como ele se refletia nas suas criações. E, de repente, o mundo começou a ouvir.


Quis melhorar o blog. Não tinha orçamento. Nem equipa. Só vontade. Foi aí que aprendi, sozinha, sobre HTML, design, e tudo o que era necessário para fazer acontecer. Sem saber, estava a tornar-me especialista num universo que muitos ainda nem sabiam que existia: o digital.


Em 2011, nasceu a Tradi — a minha primeira empresa digital. Começou com criação de websites, e foi crescendo para gestão de redes, branding, e presença online. Mas não foi fácil conquistar a confiança de clientes sem um espaço físico, sem “provas palpáveis” do que era possível fazer. O que me sustentou? A minha verdade, a consistência e a coragem de continuar — mesmo quando ainda não havia nome para o que eu fazia.


Enquanto isso, o mundo começou a mudar. O digital tornou-se tendência. As redes sociais explodiram. Ser “nómada digital” virou aspiração. Mas, por ironia, quando o mundo começou a validar aquilo em que eu sempre acreditei, eu já estava noutro lugar: à procura de mais profundidade.

Comecei a sentir que o digital estava a perder alma. Que muitos seguiam fórmulas vazias, repetindo o que viam sem se perguntarem se aquilo fazia sentido para si. E então nasceu um novo propósito dentro de mim: ajudar a criar marcas autênticas, humanas, com essência.


Fiz formações que nada tinham a ver com marketing ou design. Mergulhei em temas como autoconhecimento, identidade, propósito. Queria entender as pessoas de verdade — para ajudar a levar essa verdade ao digital. E foi assim que nasceu a minha abordagem de design com humanização.


Este percurso levou-me até à criação da Auranua, em 2024, um espaço onde ajudamos pessoas a olharem para dentro, antes de olharem para fora.

Hoje, continuo a criar pela Tradi. A transformar pela Auranua. E a inspirar quem, como eu, acredita mesmo quando ainda não há nome para aquilo que sonha.


Porque é assim que nascem as verdadeiras revoluções: primeiro, dentro de nós.

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